Antes de
reencarnar na então chamada Riacho do Sangue
(hoje, Solonópole), no estado do Ceará,
Brasil,
em 29 de Agosto de 1831, Adolfo Bezerra de Menezes
Cavalcanti já tinha sido designado pelo plano espiritual para levar a cabo a
missão de semear no solo fértil das terras brasileiras (consideradas
pelo Mundo Maior como a pátria do Evangelho), a semente do Evangelho
Restaurado, representado pelo Espiritismo, para mais tarde unir,sob a mesma bandeira,
todos os seus integrantes.
Foram as
seguintes as palavras do nobre Espírito Ismael,
responsável pelas terras de Vera Cruz:
—Descerás
às lutas terrestres, tendo por objetivo concentrar as nossas energias no país
do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Agruparás
todos os elementos dispersos com a dedicação do teu espírito, a fim de que
possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos altos
propósitos de reforma e de regeneração. Não precisamos de te explicar quão
delicada é a tua missão. Mas, se observares plenamente o Código de Jesus, e
contando com a nossa assistência espiritual, pulverizarás, à base de
perseverança e de humildade, todos os obstáculos, consolidando o início da
nossa obra, que é a de Jesus, no seio da pátria do Seu Evangelho. E se a luta
vai ser grande, lembra-te que não será menor a compensação do Senhor, que é o Caminho,
a Verdade e a Vida.“
E foi com
este fim que Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti regressou à superfície
terrestre.
Reencarnou
no seio de uma família católica, tendo sido educado segundo os padrões rígidos
de disciplina e de severidade que eram habituais na época.
Aos sete
anos entra para a escola pública de Vila do Frade onde, em apenas dez meses,
absorve todos os conhecimentos que o seu próprio professor detinha,demonstrando
a sua fulgurante inteligência. Em 1842, com onze anos, e devido a perseguições
políticas, a sua família muda-se para o Rio Grande do Norte, para a região onde
atualmente se situa a cidade de Martins. Aí, na antiga vila Maioridade, é
matriculado na Escola Pública de Latinidade, dirigida pelos Jesuítas onde, em apenas
dois anos, se tornou tão fluente em Latim, que chegou a substituir o professor
nalgumas ocasiões. Em 1846, a família volta novamente para o Ceará, fixando
residência na capital do estado. Entra para o Liceu ali existente e completa os
seus estudos preparatórios como o 1º aluno do mesmo Liceu.
O pai era
um homem abastado. No
entanto, com a política, e com os empréstimos que fazia aos parentes e aos amigos,
comprometeu a fortuna, começando ele próprio, a contrair dívidas. Mas ao aperceber-se
de que estas eram iguais ao total do seu patrimônio, dirigiu-se aos credores e
propôs-lhes entregar-lhes tudo o que possuía, o qual era suficiente para liquidar
integralmente o que devia. Mas os credores e todos seus amigos recusaram esta
proposta, dizendo-lhe que pagasse como e quando quisesse.
Ele insistiu,
mas como não os conseguiu demover, decidiu tornar-se um mero administrador da
que fora a sua fortuna, dela tirando apenas o que era estritamente necessário
para a manutenção da família, que passou assim da riqueza para a pobreza.
Em 1851,
com apenas 20 anos e levando consigo uma quantia mínima oferecida pelos
parentes, parte para o Rio de Janeiro para estudar Medicina.
Certo
dia, estando a passar por terríveis dificuldades financeiras, pois precisava da
quantia de cinquenta mil reis para pagar as propinas da Faculdade e o quarto em
que vivia (o dono da casa ameaçava obrigá-lo a desocupar o quarto) e num estado
de completo desespero, ergueu os olhos ao Alto e pediu a Deus com muita fé uma
solução.
Pouco
tempo depois, bateram-lhe à porta. Era um rapaz simpático e bem educado, que
dizia precisar urgentemente de receber explicações de Matemática e que queria até
pagar por adiantado. Ao princípio, recusou-se a dar-lhe explicações, alegando
ser essa a matéria que mais detestava, mas perante a insistência do rapaz e a
sua própria necessidade do, resolveu aceitar. Recebeu, então, a quantia de
cinquenta mil reis...
Depois de
terem combinado o dia e a hora para começarem as aulas, o rapaz despediu-se,
deixando Bezerra de Menezes muito contente, pois assim já podia pagar as taxas e o que devia ao seu senhorio.
Apressou-se
a ir à procura de livros na biblioteca pública para se preparar para dar as
explicações, mas o rapaz nunca mais apareceu...
Em 1856
licencia-se em Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. É nesta
altura que decide deixar de usar o seu último apelido, Cavalcanti, passando a usar
apenas Bezerra de Menezes.
Em Junho
de 1857 é admitido como membro titular da Academia Imperial de
Medicina.
E em 1858, candidata-se a uma vaga de lente substituto da Seção de Cirurgia da
Faculdade de Medicina. O seu ex-professor Dr. Manoel Feliciano Pereira de
Carvalho, que era então Cirurgião-Mor do Exército e Chefe do corpo de saúde do Hospital
Central do Exército, intercede por ele e depois de conseguir a vaga, nomeia-o
seu assistente, com a patente de Cirurgião Tenente.
A
melhoria da sua situação econômica permite-lhe casar em 6 de Novembro de1858 com
D. Maria Cândida de Lacerda, de quem teve dois filhos.
Quando
tudo parecia correr bem na sua vida, Bezerra de Menezes sofre um rude golpe
físico e moral: após 4 anos de casamento, subitamente, em 24 de Março de1863, a
sua mulher desencarna, deixando-o com dois filhos ainda pequeninos. Este fato
deixou-o muito abatido, mas, em 1865, volta a casar, desta vez com uma sua cunhada,
também chamada Cândida como a irmã e D. Cândida Augusta de Lacerda Machado, de
quem teve mais cinco filhos.
Entretanto,
em 1864, tinha sido reeleito vereador municipal para o período 1864-1868.
Chegando o mandato ao fim, abandona a política e dedica-se só à Medicina,
vivendo para ajudar os mais necessitados e repartindo com eles o pouco que
tinha. Corria sempre em auxílio do próximo; onde houvesse um mal a combater, lá
estava ele, a levar ao aflito o conforto da sua palavra bondosa, o recurso da
medicina, e a ajuda da sua bolsa, pequena, mas generosa.
Os
primeiros contatos com a Doutrina Espírita dão-se por volta de 1873, altura em
que foi fundado o Grupo Confúcio, mais tarde chamado Grupo Ismael, de onde saiu
a futura Federação Espírita Brasileira. Foi graças a este grupo que, em 1875, O Livro dos
Espíritos é traduzido pela 1ª vez para português, pelo seu amigo Dr. Joaquim
Carlos Travassos, que lhe ofereceu um exemplar. A partir daí, a sua existência foi
totalmente dedicada à causa de Cristo, sendo considerado o “médico dos pobres e
o apóstolo da caridade“ devido à sua dedicação ao próximo. Torna-se, portanto
espírita, mas só o revela publicamente 10 anos depois, em Agosto de 1886 œ
quando os seus conhecimentos já estavam mais amadurecidos e já estava pronto para
desempenhar a tarefa que lhe tinha sido confiada pela Espiritualidade Superior e quando, perante um auditório de cerca de 2.000 pessoas, proclama a sua adesão
ao Espiritismo.
Entre
1886 e 1893 publicou regularmente diversos artigos intitulados O Espiritismo e Estudos
Filosóficos, onde escrevia sempre sobre a vertente filosófica e principalmente
religiosa do Espiritismo, assinando-os com o pseudônimo de Max.
Estes
artigos constituem a época de ouro da divulgação espírita no Brasil. Para além
destes artigos, escreveu também diversos livros, que vieram enriquecer a literatura
espírita.
No
entanto, o início da Doutrina no Brasil, não foi fácil. Os espíritas estavam divididos
e os diversos grupos e centros, não comungavam das mesmas ideias.
Como
Ismael tinha afirmado antes da sua encarnação, era preciso haver união e, como
forma de alerta, o espírito de Allan Kardec, por meio do médium Frederico Júnior
enviou-lhe uma importante mensagem, onde apelava à união, à caridade, ao estudo
e à pacificação, o que contribuiu para que Bezerra de Menezes sentisse ainda
uma maior vontade de cumprir a sua missão.
Em 1894,
perante as divergências que havia, vários espíritas, liderados pelo Dr. Bittencourt
Sampaio, resolveram convidá-lo para presidir à Federação, achando que ele era o
único que podia unir todos os espíritas. Embora com alguma relutância, aceita a
presidência da FEB, contando com a aprovação de todos os centros espíritas do
Rio de Janeiro, tendo desempenhado o cargo até meados de Fevereiro de 1900,
altura em que foi vítima dum AVC (acidente vascular cerebral) que o deixou
tetraplégico e sem fala; no seu rosto, apenas os seus olhos verdes se mexiam e
falavam, numa linguagem nascida da pureza do seu coração e da sua fé de
apóstolo. Não voltou a recuperar, e em 11 de Abril de 1900, pelas 11h30m, voltou
à pátria espiritual.
No
entanto, apesar de estar tão doente, Bezerra de Menezes não se esquecia daqueles
que até então tinham contado com a sua ajuda, e por isso, rogava a Maria, Mãe
de Jesus, por eles, pois, lado a lado com o político honesto e com o Presidente
da Federação Espírita Brasileira estava o médico humilde e caridoso, que não
olhava a sacrifícios para ajudar todos os doentes que o procuravam. O seu consultório
estava sempre cheio de pessoas sem dinheiro para pagarem a consulta ou os
remédios. E ele ia-lhes dando tudo o que tinha e quando já nada possuía e nem
sequer o anel da formatura, que tinha sido convertido em remédios para os filhos
duma mãe aflita e apenas os abraçava, à laia de remédio e consolo.
Como
Espírito, continua a viver plenamente a humildade e a caridade, consolando-nos
a todos os que nos curvamos sob o fardo das provas terrenas. A sua bondosa
assistência pode ser sentida nos livros e mensagens que ditou a Francisco
Cândido Xavier e a Yvonne do Amaral Pereira.
Fonte:
http://www.geb-portugal.org/
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