29 de agosto de 2013

BEZERRA DE MENEZES



Antes de reencarnar na então chamada Riacho do Sangue (hoje, Solonópole), no estado do Ceará,
Brasil, em 29 de Agosto de 1831, Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti já tinha sido designado pelo plano espiritual para levar a cabo a missão de semear no solo fértil das terras brasileiras (consideradas pelo Mundo Maior como a pátria do Evangelho), a semente do Evangelho Restaurado, representado pelo Espiritismo, para mais tarde unir,sob a mesma bandeira, todos os seus integrantes.
Foram as seguintes as palavras do nobre Espírito Ismael, responsável pelas terras de Vera Cruz:
—Descerás às lutas terrestres, tendo por objetivo concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Agruparás todos os elementos dispersos com a dedicação do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos altos propósitos de reforma e de regeneração. Não precisamos de te explicar quão delicada é a tua missão. Mas, se observares plenamente o Código de Jesus, e contando com a nossa assistência espiritual, pulverizarás, à base de perseverança e de humildade, todos os obstáculos, consolidando o início da nossa obra, que é a de Jesus, no seio da pátria do Seu Evangelho. E se a luta vai ser grande, lembra-te que não será menor a compensação do Senhor, que é o Caminho, a Verdade e a Vida.“
E foi com este fim que Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti regressou à superfície terrestre.
Reencarnou no seio de uma família católica, tendo sido educado segundo os padrões rígidos de disciplina e de severidade que eram habituais na época.
Aos sete anos entra para a escola pública de Vila do Frade onde, em apenas dez meses, absorve todos os conhecimentos que o seu próprio professor detinha,demonstrando a sua fulgurante inteligência. Em 1842, com onze anos, e devido a perseguições políticas, a sua família muda-se para o Rio Grande do Norte, para a região onde atualmente se situa a cidade de Martins. Aí, na antiga vila Maioridade, é matriculado na Escola Pública de Latinidade, dirigida pelos Jesuítas onde, em apenas dois anos, se tornou tão fluente em Latim, que chegou a substituir o professor nalgumas ocasiões. Em 1846, a família volta novamente para o Ceará, fixando residência na capital do estado. Entra para o Liceu ali existente e completa os seus estudos preparatórios como o 1º aluno do mesmo Liceu.
O pai era um homem abastado. No entanto, com a política, e com os empréstimos que fazia aos parentes e aos amigos, comprometeu a fortuna, começando ele próprio, a contrair dívidas. Mas ao aperceber-se de que estas eram iguais ao total do seu patrimônio, dirigiu-se aos credores e propôs-lhes entregar-lhes tudo o que possuía, o qual era suficiente para liquidar integralmente o que devia. Mas os credores e todos seus amigos recusaram esta proposta, dizendo-lhe que pagasse como e quando quisesse.
Ele insistiu, mas como não os conseguiu demover, decidiu tornar-se um mero administrador da que fora a sua fortuna, dela tirando apenas o que era estritamente necessário para a manutenção da família, que passou assim da riqueza para a pobreza.
Em 1851, com apenas 20 anos e levando consigo uma quantia mínima oferecida pelos parentes, parte para o Rio de Janeiro para estudar Medicina.
Certo dia, estando a passar por terríveis dificuldades financeiras, pois precisava da quantia de cinquenta mil reis para pagar as propinas da Faculdade e o quarto em que vivia (o dono da casa ameaçava obrigá-lo a desocupar o quarto) e num estado de completo desespero, ergueu os olhos ao Alto e pediu a Deus com muita fé uma solução.
Pouco tempo depois, bateram-lhe à porta. Era um rapaz simpático e bem educado, que dizia precisar urgentemente de receber explicações de Matemática e que queria até pagar por adiantado. Ao princípio, recusou-se a dar-lhe explicações, alegando ser essa a matéria que mais detestava, mas perante a insistência do rapaz e a sua própria necessidade do, resolveu aceitar. Recebeu, então, a quantia de cinquenta mil reis...
Depois de terem combinado o dia e a hora para começarem as aulas, o rapaz despediu-se, deixando Bezerra de Menezes muito contente, pois assim já podia pagar as taxas e o que devia ao seu senhorio.
Apressou-se a ir à procura de livros na biblioteca pública para se preparar para dar as explicações, mas o rapaz nunca mais apareceu...
Em 1856 licencia-se em Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. É nesta altura que decide deixar de usar o seu último apelido, Cavalcanti, passando a usar apenas Bezerra de Menezes.
Em Junho de 1857 é admitido como membro titular da Academia Imperial de
Medicina. E em 1858, candidata-se a uma vaga de lente substituto da Seção de Cirurgia da Faculdade de Medicina. O seu ex-professor Dr. Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, que era então Cirurgião-Mor do Exército e Chefe do corpo de saúde do Hospital Central do Exército, intercede por ele e depois de conseguir a vaga, nomeia-o seu assistente, com a patente de Cirurgião Tenente.
A melhoria da sua situação econômica permite-lhe casar em 6 de Novembro de1858 com D. Maria Cândida de Lacerda, de quem teve dois filhos.
Quando tudo parecia correr bem na sua vida, Bezerra de Menezes sofre um rude golpe físico e moral: após 4 anos de casamento, subitamente, em 24 de Março de1863, a sua mulher desencarna, deixando-o com dois filhos ainda pequeninos. Este fato deixou-o muito abatido, mas, em 1865, volta a casar, desta vez com uma sua cunhada, também chamada Cândida como a irmã e D. Cândida Augusta de Lacerda Machado, de quem teve mais cinco filhos.
Entretanto, em 1864, tinha sido reeleito vereador municipal para o período 1864-1868. Chegando o mandato ao fim, abandona a política e dedica-se só à Medicina, vivendo para ajudar os mais necessitados e repartindo com eles o pouco que tinha. Corria sempre em auxílio do próximo; onde houvesse um mal a combater, lá estava ele, a levar ao aflito o conforto da sua palavra bondosa, o recurso da medicina, e a ajuda da sua bolsa, pequena, mas generosa.
Os primeiros contatos com a Doutrina Espírita dão-se por volta de 1873, altura em que foi fundado o Grupo Confúcio, mais tarde chamado Grupo Ismael, de onde saiu a futura Federação Espírita Brasileira. Foi graças a este grupo que, em 1875, O Livro dos Espíritos é traduzido pela 1ª vez para português, pelo seu amigo Dr. Joaquim Carlos Travassos, que lhe ofereceu um exemplar. A partir daí, a sua existência foi totalmente dedicada à causa de Cristo, sendo considerado o “médico dos pobres e o apóstolo da caridade“ devido à sua dedicação ao próximo. Torna-se, portanto espírita, mas só o revela publicamente 10 anos depois, em Agosto de 1886 œ quando os seus conhecimentos já estavam mais amadurecidos e já estava pronto para desempenhar a tarefa que lhe tinha sido confiada pela Espiritualidade Superior e quando, perante um auditório de cerca de 2.000 pessoas, proclama a sua adesão ao Espiritismo.
Entre 1886 e 1893 publicou regularmente diversos artigos intitulados O Espiritismo e Estudos Filosóficos, onde escrevia sempre sobre a vertente filosófica e principalmente religiosa do Espiritismo, assinando-os com o pseudônimo de Max.
Estes artigos constituem a época de ouro da divulgação espírita no Brasil. Para além destes artigos, escreveu também diversos livros, que vieram enriquecer a literatura espírita.
No entanto, o início da Doutrina no Brasil, não foi fácil. Os espíritas estavam divididos e os diversos grupos e centros, não comungavam das mesmas ideias.
Como Ismael tinha afirmado antes da sua encarnação, era preciso haver união e, como forma de alerta, o espírito de Allan Kardec, por meio do médium Frederico Júnior enviou-lhe uma importante mensagem, onde apelava à união, à caridade, ao estudo e à pacificação, o que contribuiu para que Bezerra de Menezes sentisse ainda uma maior vontade de cumprir a sua missão.
Em 1894, perante as divergências que havia, vários espíritas, liderados pelo Dr. Bittencourt Sampaio, resolveram convidá-lo para presidir à Federação, achando que ele era o único que podia unir todos os espíritas. Embora com alguma relutância, aceita a presidência da FEB, contando com a aprovação de todos os centros espíritas do Rio de Janeiro, tendo desempenhado o cargo até meados de Fevereiro de 1900, altura em que foi vítima dum AVC (acidente vascular cerebral) que o deixou tetraplégico e sem fala; no seu rosto, apenas os seus olhos verdes se mexiam e falavam, numa linguagem nascida da pureza do seu coração e da sua fé de apóstolo. Não voltou a recuperar, e em 11 de Abril de 1900, pelas 11h30m, voltou à pátria espiritual.
No entanto, apesar de estar tão doente, Bezerra de Menezes não se esquecia daqueles que até então tinham contado com a sua ajuda, e por isso, rogava a Maria, Mãe de Jesus, por eles, pois, lado a lado com o político honesto e com o Presidente da Federação Espírita Brasileira estava o médico humilde e caridoso, que não olhava a sacrifícios para ajudar todos os doentes que o procuravam. O seu consultório estava sempre cheio de pessoas sem dinheiro para pagarem a consulta ou os remédios. E ele ia-lhes dando tudo o que tinha e quando já nada possuía e nem sequer o anel da formatura, que tinha sido convertido em remédios para os filhos duma mãe aflita e apenas os abraçava, à laia de remédio e consolo.
Como Espírito, continua a viver plenamente a humildade e a caridade, consolando-nos a todos os que nos curvamos sob o fardo das provas terrenas. A sua bondosa assistência pode ser sentida nos livros e mensagens que ditou a Francisco Cândido Xavier e a Yvonne do Amaral Pereira. 
 
Fonte:
http://www.geb-portugal.org/

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