“A Alma dos Animais”
“Todos os seres da criação são filhos do Pai e irmãos do homem... Deus quer que auxiliemos aos animais, se necessitarem de ajuda. Toda criatura em desamparo tem o mesmo direito à proteção”. Francisco de Assis.
O coordenador do blog do IEE, Rafael Dourado, solicitou-me que escrevesse um tema reflexivo, mas que ao mesmo tempo fosse “leve e instigante”... Então pensei: comentarei sobre a minha tese de pós-graduação na USP, na área comportamental, cujo assunto aborda o questionamento da existência da alma nos animais.
De acordo com as pesquisas científicas de Ernesto Bozzano, ele concluiu que os animais possuem uma inteligência que lhes faculta certa liberdade de ação, um princípio independente da matéria que sobrevive ao corpo. É também uma alma, se quiseres, dependendo isto do sentido que se der a esta palavra. É, porém, inferior à do homem.
Há entre a alma dos animais e a do homem distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus.
Em seu livro “Os animais têm alma?”, ele questiona sobre o amor incondicional que devotam aos seus donos.
...” Um homem experimenta a solidão mesmo junto de outras pessoas – não há tristeza maior que a desses solitários –, mas quem desfruta a companhia de um animal de estimação jamais se sentirá só. Um cão alegra e diverte as crianças e se torna o esteio moral de idosos esquecidos pelos seus. Não é menos fascinante a companhia de um gato. Esses felinos são capazes de exprimir sentimentos e emoções – afeto, alegria, fome, sede, irritação, medo – de modo à sempre se fazerem compreender. Uma coincidência muito interessante é que nos gatos e nos seres humanos a parte do cérebro responsável pelas emoções (sistema límbico) é a mesma. No reino animal o quociente de inteligência do gato só é superado pelo de alguns símios, como os chimpanzés. Aliás, a estrutura cerebral do gato é mais semelhante à do homem do que a deste com a dos cães, vocês sabiam?”
Os animais exercem um fascínio irresistível sobre a sensibilidade humana desde tempos imemoriais, quando essas maravilhosas criaturas da Natureza chegaram a ser objeto de adoração. A literatura registra, ainda que de forma esparsa, diversos casos de fenômenos paranormais envolvendo cães, cavalos, gatos e outros seres da fauna, cujas aparições post-morten provocaram espanto e perplexidade. Esse livro “Os Animais Têm Alma?", de Ernesto Bozzano, apresenta uma fundamentação científica em que se busca demonstrar a sobrevivência da psique animal. Para tanto, o Autor pesquisou mais de uma centena de casos instigantes que desafiam o veredicto da Ciência... A vida do animal não é propriamente missão, apresentando, porém, uma finalidade superior que constitui a do seu aperfeiçoamento próprio, através das experiências benfeitoras do trabalho e da aquisição, em longos e pacientes esforços, dos princípios sagrados da inteligência.
A alma dos animais
“Quanto mais inferior é o Espírito, tanto mais apertados são os laços que o ligam à matéria. Não o vedes? O homem não tem duas almas; a alma é sempre única em cada ser. É distinta uma da outra a alma do animal e a do homem, a tal ponto que a de um não pode animar o corpo criado para o outro. Mas, conquanto não tenha alma animal, quer por suas paixões, o nivele aos animais, o homem tem o corpo que, às vezes, o rebaixa até ao nível deles, por isso que o corpo é um ser dotado de vitalidade e de instintos, porém inteligentes estes, e restritos ao cuidado que a sua conservação requer.” Livro dos Espíritos, questão 605.
O Espírito que animou o corpo de um homem não poderia encarnar num animal. Isso seria retrogradar (voltar para trás; recuar) e o Espírito não retrograda.
Os mamíferos que se ligam a nós por extremos laços de parentesco, em se desencarnando, agregam-se aos ninhos em que se lhes desenvolvem os companheiros e, qual ocorre entre os animais inferiores, nas múltiplas faixas evolutivas em que se escalonam, não possuem pensamento contínuo ( pela compreensão progressiva entre as criaturas, por intermédio da palavra que assegura o pronto intercâmbio, fundamenta-se no
cérebro o pensamento contínuo e, por semelhante maravilha da alma, as idéias-relâmpagos ou as idéias-fragmentos da consciência, no reino animal, se transformam em conceitos e inquirições, traduzindo desejos e idéias de alentada substância íntima), para a obtenção de meios destinados à manutenção de nova forma.
Encontram-se, desse modo, aquém da histogênese espiritual, cujo equilíbrio lhes asseguraria ascensão a novo plano de consciência.
Em razão disso, na morte física, dilata-se-lhes o período de vida latente, na esfera espiritual, onde, com exceção de raras espécies, se demoram por tempo curto, incapazes de maliar (causar males) aos órgãos do aparelho psicossomático que lhes é característico, por ausência de substância mental consciente (não lesam o perispírito com descargas de lixo mental, já que não tem consciência do bem e do mal).
Quando não são aproveitados na Espiritualidade, em serviço ao qual se fluam durante certa quota de tempo, caem, quase sempre de imediato à morte do corpo carnal, em pesada letargia, semelhante à hibernação, acabando automaticamente atraídos para o campo genésico das famílias a que se ajustam (reencarnam), retomando o organismo com que se confiarão a nova etapa de experiência, com os ascendentes do automatismo e do instinto que já se lhes fixaram no ser, e sofrendo, naturalmente, o preço dos valores decisivos da evolução. “A caminho da Luz “- Emmanuel
Os animais não são simples máquinas
Dra. Irvênia Santis Prada, méd. veterinária, Profa. Dra. na Universidade de São Paulo, e autora do livro “A Questão Espiritual dos Animais”, conclui que os animais não são simples máquinas, movidos por um combustível chamado instinto, pelo contrário, suas mais variadas formas e espécies representam manifestações materiais do Princípio Inteligente no cumprimento da longa jornada evolutiva. A arquitetura da casa mental, projetada em etapas que correspondem às do desenvolvimento filogenético do cérebro, surgem como testemunha da paridade evolutiva entre o Princípio Espiritual e o Princípio material.
Os animais têm a sua linguagem, os seus afetos, a sua inteligência rudimentar, com atributos inumeráveis. São eles os irmãos mais próximos do homem, merecendo, por isso, a sua proteção e amparo.
Seria difícil ao médico legista determinar, nas manchas de sangue, qual o que pertence ao homem ou ao animal, tal a identidade dos elementos que o compõem. A organização óssea de ambos é quase a mesma, variando apenas na sua conformação e observando-se diminuta diferença nas vértebras.
O homem está para o animal, simplesmente como um superior hierárquico. Nos irracionais desenvolvem-se igualmente as faculdades intelectuais.
O sentimento de curiosidade é, na maioria deles, altamente avançado; muitas espécies nos demonstram as suas elevadas qualidades, exemplificando o amor conjugal, o sentimento da paternidade, o amparo ao próximo, as faculdades de imitação, o gosto da beleza.
Para verificar a existência desses fenômenos, basta que se possua um sentimento acurado de observação e de análise.
Inúmeros espíritos trouxeram à luz o fruto de suas pacientes indagações, que são para nós elementos de inegável valor. Entre muitos, citaremos Darwin, Gratiolet e vários outros estudiosos dedicados a esses notáveis problemas.
Os mais ferozes animais têm para com a prole ilimitada ternura. Aves existem que se deixam matar, quando não se lhes permite a defesa das suas famílias.
Os cães, os cavalos, os macacos, os elefantes deixam entrever apreciáveis qualidades de inteligência. É conhecido o caso dos cavalos de um regimento que mastigavam o feno para um de seus companheiros, que se encontrava inutilizado e enfermo.
Conta-se que uma fêmea de bugio (macaco), muito conhecida pela sua mansidão, gostava de recolher os macaquinhos, os gatos e os cães, dos quais cuidava com desvelado carinho; certo dia, um gato revoltou-se contra a sua benfeitora, arranhando-lhe o rosto, e a mãe adotiva, revelando a mais refletida inteligência, examinou-lhe as patas, cortando-lhe as unhas pontiagudas com os dentes.
Constitui um fato observável a sensibilidade dos cães e dos cavalos ao elogio e às eprimendas. Longe iríamos com as citações. O que podemos assegurar é que, sobre os mundos, laboratórios da vida no Universo, todas as forças naturais contribuem para o nascimento do ser.
Amor ao próximo
A Psicologia e a Biologia demonstram, claramente, que além do instinto os animais também são animados por um Princípio Inteligente, que se elabora progressivamente desde as formas de vida mais simples. Celso Martins, em seu livro “Alma dos animais”, apresenta numerosos exemplos de manifestações inteligentes dos animais e que também comprovam que, igualmente, eles têm emoções e sentimentos.
Conta-nos, Gabriel Delanne na Revue Scientifique o seguinte fato, por ele testemunhado: ...Sr. Ball estava à beira de um lago, quando um cão fila aventurou-se dentro do lago congelado. Súbito, o gelo se quebrou e ele resvalou na água, tentando em vão libertar-se. Perto, flutuava um ramo e o fila se lhe agarrou, na esperança de poder alçar-se. Um cão terra-nova que, distante, assistira o acidente, decidiu-se, rápido, a prestar socorro. Meteu-se pelo gelo, caminhando com grande precaução, e não se aproximou da fenda mais que o suficiente para agarrar com os dentes a extremidade do ramo e puxar a si o companheiro salvando- lhe a vida.
"A previdência, a prudência e o cálculo mostram-se, diz o Sr. Ball, de um modo evidente neste ato, tanto mais notável, quanto absolutamente espontâneo. Os animais são comumente, suscetíveis de educação, e sua inteligência desenvolve- se em convívio com o homem. Mais interessante, porém, é acompanhá-los em sua evolução individual, e constatar que são capazes, por assim dizer, de evolver a si mesmo. Neste particular, o nosso terra-nova elevou-se, por instantes, ao patamar da inteligência humana, e, no tocante à observação e ao raciocínio, em nada inferior ao que um homem faria em tais circunstâncias".
Depois de sete anos analisando o cérebro de vários animais, um grupo liderado pelo neurocientista Erich Jarvis, da Universidade de Duke (EUA), chegou à conclusão de que os pássaros são mais espertos e adaptáveis do que se imaginava. Seu cérebro é tão desenvolvido e capaz quanto o dos mamíferos. Dois exemplos são emblemáticos: os corvos, que fazem ferramentas, e os papagaios, que imitam a voz humana com perfeição.
Revista ISTOÉ/1843 - 9/2/2005.
Em “Todos os Animais Merecem o Céu” de Marcel Benedeti - Editora Mundo Maior, obra premiada no Concurso Literário Espírita João Castardelli 2003-2004, promovido pela Fundação Espírita André Luiz, conta como é a vida espiritual dos animais. A eutanásia, a reencarnação dos animais, a vida dos animais naquela dimensão e o sofrimento como meio de aprendizado e evolução. Além destes há passagens que contam pormenores do regresso dos animais para a dimensão espiritual na ocasião da desencarnação e detalhes sobre os mecanismos de retorno à dimensão física nos momentos que antecedem o nascimento, incluindo desde a preparação do novo corpo ao parto. Temas como a existência de colônias que cuidam dos animais na espiritualidade e os trabalhos das equipes espirituais que se ocupam com eles.
“Todos os Animais São Nossos Irmãos” - Marcel Benedeti, seqüência de "Todos os Animais Merecem o Céu". Saiba - em detalhes - o que acontece com os animais na espiritualidade. O livro mostra a dor e o sofrimento dos animais de laboratório do ponto de vista espiritual e a existência de colônias espirituais, onde as energias dos encarnados representam peças importantes da recuperação de animais enfermos. Também aborda temas como os mecanismos que envolvem a licantropia e o suicídio entre animais, além de apresentar a teoria da evolução das espécies sob o ponto de vista espiritual. Conheça os meandros que envolvem o mundo espiritual e a Colônia "Rancho Alegre", específica para cuidar de animais. Perceba por que devemos ter cuidado com os animais e os reflexos dessas nossas ações no Mundo Espiritual.
Lúcia Maria Silva de Andrade
1ª Secretaria – Diretoria Executiva IEE
Notas bibliográficas e artigos:
Site Mensageiro
Site Cvdee
Site Arca Brasil-Irvênia Prada
Site Clube das Pulgas-Irvênia Prada
Tese de pós-graduação Lato Sensu em Bases Biofísicas e Epistemológicas da Integração Corpo Cérebro Mente Espírito. Grupo de Pesquisas Psicobiofísicas da Universidade de São Paulo- GPPUSP e Centro de Pesquisas do Pineal Mind – Instituto de Saúde- São Paulo – 1998.
Tema: “A evolução nos homens e nos animais e suas formas de manifestações ”- Lucia Maria S. de Andrade.
SP 04.03.2010
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